O CABELEIRA, com roteiro de Leandro Assis e Hiroshi Maeda, e arte de Allan Alex, publicado pela Editora Desiderata. Cheguei neste título por uma curiosidade de momento com assunto do cangaço e, sabendo por cima que o verdadeiro Cabeleira foi um personagem que antecedeu esse fenômeno social, fui conferir o tratamento e tive uma grata satisfação ao encontrar uma obra superlegal, bastante firme no estilo de narrativa visual e textual, com ação, comoção e reflexão pra dar e vender.
Adaptação do romance de Franklin Távora, lançado em 1876, conta a história de José Gomes, um bandido que, junto com o pai e um comparsa, aterrorizam o sertão da capitania de Pernambuco com seus violentos assaltos, nos quais não são poupados padres, crianças, mulheres ou idosos. E os desenhos de Allan Alex entregam essa barra pesada: com traços próximos ao cartunesco, mas extremamente trabalhados com volume, densidade e proporção (que, pessoalmente, me remetem ao estilo de Laudo Ferreira em Yeshuah, título que adoro pra caramba, que já resenhei anteriormente), o universo visual da história é muito consolidado, tanto com violência gráfica ao gosto de quem curte um gore, quanto na composição do ambiente colonial pernambucano do século XVIII - este, a meu ver, o grande feito da obra.
Mas isso é uma observação de quem apenas queria mais leitura ainda porque é uma HQ demais, que vale a leitura deveras!
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